SAPUCAIAS
Quem vai de Vila Pavão para Todos os Santos, no noroeste
capixaba, agora nesse meio de primavera, se prende no vermelho das folhas dumas
árvores que sobressaem nos capões de mata sobreviventes de nossa hileia
capixaba; não são flores; e a brotação que vai se esverdear quando as águas do
verão, cada vez mais escassas, caírem para perfumar e engravidar um solo que já
foi muito maltratado; verdes elas curtirão as inclemência e benesses das horas
para garantir à arvore a produção de castanhas muito gostosas e caprichosamente
encapsuladas dentro de um coco que vai despencar quando os ditos civilizados ,
sucessores dos macacos e índios, poderão aproveitá-las ‘in natura’ em na
cozinha.
Os tupis-guaranis viram nessa magia o motivo pra lhe darem o
nome de SAPUCAIA, um ninho de galinha, com ‘ovos’ prontos para consumo misteriosamente embalados; anualmente ainda
se pode fazer a colheita dos frutos nos poucos endereços que sobraram no seu
‘habitat’ preferido, em algum vale do norte dos Espírito Santo ou sul da Bahia;
depois de fazer a diferença no antes imenso verde exuberante, ela fecha um
ciclo de vida dando-se ou brotando em reprodução sucessiva; e assim será sempre
até seu fecho no tempo, que poderá acontecer como já foi muitas vezes, por um
ato desvairado ou a fim de se obter boa madeira pra produção de construções de habitação ou contenção nas propriedades; e aí, o
vermelho do verde será menor, já é menor.
Altair Malacarne - SGP, 27.10.2013